quarta-feira, 20 de agosto de 2014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Memórias

Neste ano, acontece a Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, cujo tema selecionado novamente foi “O lugar onde vivo”. Cada turma tem um determinado gênero textual a ser contemplado nessa proposta: 5º. E 6º. Ano – poesia; 7º. E 8º. Ano Memória literária; 9º. Ano Crônica. Assim, a proposta foi desenvolvida com as turmas do 7º. Ano, que tinham como objetivo entrevistar e escrever a memória de qualquer pessoa de mais idade, independente de ela ser pai, mãe, avô, tio, vizinho. A idéia da Olimpíada não é enaltecer ninguém, mas fazer os alunos refletirem acerca das mudanças sócio-histórico-políticas pelas quais todos nós passamos ao longo do tempo no lugar em que vivemos.
 
Lugar onde vivo

            “Uma coisa de que sinto muita saudade é da tranquilidade, de não ter a insegurança. Também sinto saudade de trabalhar na roça, pois era nossa maior alegria. Agora acho tão interessante, mas em nosso bairro, a estrada era ruim, de carroça não passávamos, apenas a pé. Quando íamos aos bailes, tínhamos que tirar os sapatos, daí quando chegávamos lavávamos os pés e colocávamos os sapatos (risos). Mas não sinto saudade da dificuldade para ir ao comércio: havia apenas o Haut, e, como morávamos no Wunderwald; tínhamos que ir a pé.
            Mas certamente um episódio marcante de minha vida foi um baile em que conheci Herbert Hermann Hornburg, meu falecido marido. E, lembro-me que quando passei na frente dele e de sua turma, ele colocou a mão em minha frente e dei-lhe uma bofetada. E coincidentemente nos encontramos em outros bailes, e como naquele, dançamos e conversamos e, me lembro de um baile em que Herbert me levou para casa e começamos a namorar e depois nos casamos.
            Falando em casamentos; adorava ir aos casamentos: os casamentos naquela época eram muito diferentes. Os convidados levavam os ingredientes: ovos, manteiga, galinhas...Na sexta-feira, as mulheres se reuniam para matar as galinhas e marrecos para o sábado. E não tínhamos bolos, apenas pães e cucas. Havia almoço, café da tarde, janta e café da noite. No almoço, a primeira coisa a ser servida era uma sopa com rosca. Para beber servia-se para os homens cachaça doce, e para as mulheres: capilé.
            E um casamento que achei marcante foi o de meu irmão Veriano com sua esposa Renata. Chorei muito, porque eles eram muito novos e ela não tinha mãe e meu pai já era falecido. Lembro-me de que na maioria dos casamentos as músicas eram tocadas apenas com um bandoneon, mas no casamento de meu irmão, como ele era músico, havia bandinha.
            Os convidados e os noivos iam de carro de mola, e os cavalos e os carros eram enfeitados com flores e fitas de seda. Na época não existia convite no papel; os padrinhos tinham que ir de casa em casa para convidar e ao convidar declamavam uma poesia. E me lembro que os convidados tinham que ir de terno e gravata completo, e para as mulheres não havia calças; apenas vestidos. Todas as noivas tinham coroa de flores. Havia uma hora em que o noivo tirava a coroa da noiva e tocava uma música em especial que se tocava em todos os casamentos. O vestido da noiva era obrigatório ser de manga longa e saia longa. Após as 24 horas a noiva trocava de roupa. Adorava isso.”
Informações dadas pelo depoimento da Senhora Irma Ema Ana Hornburg, com 89 anos viúva e aposentada. Minha vizinha.
Nicole Gabriele Dickmann, 7° ano A