quinta-feira, 24 de julho de 2014

Memórias



Neste ano, acontece a Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, cujo tema selecionado novamente foi “O lugar onde vivo”. Cada turma tem um determinado gênero textual a ser contemplado nessa proposta: 5º. E 6º. Ano – poesia; 7º. E 8º. Ano Memória literária; 9º. Ano Crônica. Assim, a proposta foi desenvolvida com as turmas do 7º. Ano, que tinham como objetivo entrevistar e escrever a memória de qualquer pessoa de mais idade, independente de ela ser pai, mãe, avô, tio, vizinho. A idéia da Olimpíada não é enaltecer ninguém, mas fazer os alunos refletirem acerca das mudanças sócio-histórico-políticas pelas quais todos nós passamos ao longo do tempo no lugar em que vivemos.
 
O lugar onde moro

            “Quando conheci Pomerode ela era uma cidade diferente de hoje. Paralelepípedo, por exemplo, havia apenas no centro, o restante das ruas eram estreitas  e de chão. E a maioria das construções em Pomerode eram de estilo germânico, e fábricas, que eu me lembro, havia a Porcelana Schmidt.
            Meus pais herdaram uma casa enxaimel dos pais da minha mãe; a casa tinha uma sala e uma cozinha grande, um quarto onde meus pais dormiam, e eu  e meus irmãos dormíamos no sótão, o banheiro ficava do lado de fora da casa, alguns metros afastados.
            Quando conheci Pomerode melhor, minha mãe me matriculou na escola Dr. Bonifácio Cunha, em Testo Alto. Quando fui ao primeiro dia de aula, eu tinha 7 anos e fui à escola com medo, a pé e sozinho. Era só no primeiro dia de aula que se ganhava a lista de material escolar, e pelo que me lembro havia um caderno de deveres e um de ditado. Havia outros também, mas esses são o que eu mais me lembro.
            Outro fato interessante era que eu e meus amigos íamos mais cedo à aula para brincar, mas quando o professor vinha, a primeira coisa que ele falava era ‘todo mundo em forma,’ então todos faziam a fila. Logo em seguida ele falava ‘cobrir’ que era para esticar o braço e tomar distância, e então ‘firme’ , só depois disso a gente ia para a sala.
            Já na sala ninguém mais podia falar um com o outro, se alguém falasse, o professor chamaria a atenção pela primeira vez, mas se precisasse chamar de novo ele passava em silêncio e puxava a orelha. Ele ficava no fundo da sala, às vezes só observando se alguém conversava. Eu me lembro bem de que eu já levei um puxão de orelha, mas não me lembro pelo quê.
            A forma como nós nos divertíamos era assim: nas Sextas-feiras eu e outros amigos combinávamos na casa de quem nós iríamos nos encontrar para brincar. A gente fazia várias coisas como jogar bola, matar passarinho, brincando de esconde-esconde entre outras brincadeiras.
            Mas como também não era sempre domingo, nas segundas-feiras eu e minha família tínhamos que trabalhar na roça, então como eu ainda tinha que estudar, eu ia meio período à aula e o outro período trabalhava, só à noite fazia a tarefa com luz de lampião.
            E agora em 2014 se alguém me perguntar do que eu sinto saudades, eu diria que na verdade não sinto saudades do passado, pois hoje em dia é tudo mais prático, fácil, moderno e simples.
            Informações dadas pelo Senhor Romeu Jandre, com 62 anos meu avô.
Yasmin Jandre Piske, 7° ano A.

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