Mímica é uma das formas de comunicação humana,
normalmente conhecida como a arte de
expressar os pensamentos e/ou os sentimentos por meio de gestos. É, dentro das
artes cênicas, o estudo da ação física do homem em seu meio; e um mímico é
alguém que utiliza movimentos
corporais para se comunicar, sem a necessidade do uso da fala. A mímica enquanto
expressão artística, como no caso da dança, se apresenta de várias formas e
estilos, sendo mais conhecido a Pantomima, em que os artistas usam o rosto
pintado de branco e se inspiram na figura do pierrot.
No dia 6 de outubro, nossa escola
recebeu a esplêndida visita do mímico Everton Ferre, que é uma pessoa
espetacular, carismática e que todos adoraram. O mímico começou sua
apresentação falando e explicando um pouco do que passou na vida.
Sua mãe engravidou muito cedo, e naquela
época isso era inaceitável, então, seus avós falaram que ela iria embora de
casa e que eles cuidariam de Everton. Dona Elfrida, mais conhecida como Vó
Gorda, acolheu o menino, deu comida, educação, ensinou o que era certo e
errado, ensinou-o a orar, foi uma verdadeira mãe, e, de acordo com ele, a
convivência deles sempre foi uma das melhores.
Everton contou também que ele, seus
primos e seus amigos sempre brincavam de polícia e ladrão e pelo fato dele não
ter pai e nem mãe ele sempre tinha que ser o ladrão, o que era uma forma bem
velada de preconceito.
De acordo com o livro do mímico, o tempo
passou muito rápido e logo veio o período escolar, e os problemas nas relações
familiares em respeito à tutela de Everton somaram. Foi então que decidiram manda-lo
para São Paulo, para morar com seu pai, pois achavam que isso seria melhor para
o seu futuro. No momento em
que Everton recebeu a notícia ele ficou muito feliz,
finalmente ele teria um pai e não precisaria mais ser o ladrão das
brincadeiras.
Everton embarcou no ônibus e quando ele
começou a sair da cidade ia contando os postes e pensava que se algo desse
errado na viagem, voltaria caminhando e contando os postes, assim saberia mais
ou menos onde estava. Mas a ideia não deu muito certo, pois logo se perdeu na
contagem.
Quando chegou à cidade de São Paulo, sua
alegria era tanta que seu coração estava tomado. Eufórico, nem percebeu o mundo
que estava deixando para trás, e a saudade que sentiria da Vó Gorda.
Everton imaginava que São Paulo seria
parecido com Curitiba, pensava que poderia acordar tarde, brincar e estudar,
mas a realidade era totalmente diferente, já que com 7 anos de idade acordava cedo
para trabalhar em uma pensão cuja dona era sua tia, em troca ganhava um lugar
para dormir e comida para se alimentar. “Não era fácil, mais foi um período
maravilhoso em questão de aprendizado”, diz Everton.
Com 13 anos, Everton foi morar em Missal
com uma nova família, seus tios Celso e Sandra e seu primo Celsinho, e começou
a estudar no Ginásio Anchieta, onde teve seus melhores professores.
Em 1978, Everton foi convocado para
servir no primeiro Batalhão de Fronteira, que era um desejo alimentado desde
pequeno. Servir o exército para Everton foi um aprendizado muito bom e acordo
com ele aproveitou todas as oportunidades dentro das Forças Armadas.
Quando saiu do quartel, foi para
Cascavel onde começou a trabalhar no Banestado, setor de processamento de
dados, e permaneceu lá por dois anos, mas não era isso que ele queria, foi
então que pediu exoneração do seu cargo.
Everton decidiu voltar para Curitiba,
onde morava quando era pequeno, e lá virou vendedor da assinaturas da revista
Istoé, que para ele foi um dos melhores trabalhos até então. Everton conheceu
várias cidades com o seu trabalho, e até se mudou para Florianópolis, pois lá
vendia mais.
Em Florianópolis, Everton e um amigo seu
estavam caminhando pelo campus da universidade, e em frente a uma igrejinha
viram um teatro e decidiram parar. Everton ficou tão admirado com aquela peça
que até queria virar ator.
Estava chegando a hora de Everton viajar
de novo para vender mais assinaturas, comprou sua passagem e entrou no ônibus,
e mal sabia Everton que do seu lado iria se sentar o melhor mímico de todos os
tempos, o mais fantástico, que todos admiravam. Quando o mímico sentou ao seu
lado, começaram a conversar, foi aí que Everton decidiu virar mímico também. Se
demitiu do seu trabalho, e engrenou na carreira de mímico, em que atua até
hoje.
Everton conheceu o mundo todo através do
seu trabalho, e em cada lugar que passa sempre é admirado.
Sua primeira apresentação no Brasil foi
na cidade de Porto Alegre no ano de 1983, e com certeza ele conquistou todo seu
público, pois ele é um mímico fantástico.
Depois de falar um pouco da sua incrível
história, se maquiou, de modo que todos os alunos e professores aprendessem a
fazer a maquiagem, e então começou a atuar. Ensinou algumas mágicas, imitou um
macaco, se passou por médico, por pai entre outros. A apresentação foi
incrível, e com certeza vai ficar marcada para todos que assistiram.
No final da apresentação, Everton passou
seu chapéu como de costume, para que todos que quisessem contribuir, colocassem
uns trocadinhos.
“Visitar cidades e apresentar momentos
de contemplação desta arte milenar, a mímica, é minha intenção primeira. Este
movimento que realizo como profissão tem o propósito de fazer com que meu
público sinta beleza e a força do silêncio”, escreve Everton Ferre em seu
livro.
Fiquei admirada com a sua apresentação,
e espero que possa revê-la, você com certeza é um homem fantástico! Uso as
falas de Lourdes Vivian Alexius, “Pode passar o chapéu, Everton, Que eu tiro
meu chapéu para você!”
Ana Caroline Czerski Borges
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