Neste ano, acontece a Olimpíada Brasileira de Língua
Portuguesa, cujo tema selecionado novamente foi “O lugar onde vivo”. Cada turma
tem um determinado gênero textual a ser contemplado nessa proposta: 5º. E 6º.
Ano – poesia; 7º. E 8º. Ano Memória literária; 9º. Ano Crônica. Assim, a
proposta foi desenvolvida com as turmas do 7º. Ano, que tinham como objetivo
entrevistar e escrever a memória de qualquer pessoa de mais idade, independente
de ela ser pai, mãe, avô, tio, vizinho. A idéia da Olimpíada não é enaltecer
ninguém, mas fazer os alunos refletirem acerca das mudanças
sócio-histórico-políticas pelas quais todos nós passamos ao longo do tempo no
lugar em que vivemos.
O
lugar onde moro
“Quando conheci Pomerode ela era uma cidade diferente de
hoje. Paralelepípedo, por exemplo, havia apenas no centro, o restante das ruas
eram estreitas e de chão. E a maioria
das construções em Pomerode eram de estilo germânico, e fábricas, que eu me
lembro, havia a Porcelana Schmidt.
Meus pais herdaram uma casa enxaimel dos pais da minha
mãe; a casa tinha uma sala e uma cozinha grande, um quarto onde meus pais
dormiam, e eu e meus irmãos dormíamos no
sótão, o banheiro ficava do lado de fora da casa, alguns metros afastados.
Quando conheci Pomerode melhor, minha mãe me matriculou
na escola Dr. Bonifácio Cunha, em Testo Alto. Quando fui ao primeiro dia de
aula, eu tinha 7 anos e fui à escola com medo, a pé e sozinho. Era só no
primeiro dia de aula que se ganhava a lista de material escolar, e pelo que me
lembro havia um caderno de deveres e um de ditado. Havia outros também, mas esses
são o que eu mais me lembro.
Outro fato interessante era que eu e meus amigos íamos
mais cedo à aula para brincar, mas quando o professor vinha, a primeira coisa
que ele falava era ‘todo mundo em forma,’ então todos faziam a fila. Logo em
seguida ele falava ‘cobrir’ que era para esticar o braço e tomar distância, e
então ‘firme’ , só depois disso a gente ia para a sala.
Já na sala ninguém mais podia falar um com o outro, se
alguém falasse, o professor chamaria a atenção pela primeira vez, mas se
precisasse chamar de novo ele passava em silêncio e puxava a orelha. Ele ficava
no fundo da sala, às vezes só observando se alguém conversava. Eu me lembro bem
de que eu já levei um puxão de orelha, mas não me lembro pelo quê.
A forma como nós nos divertíamos era assim: nas Sextas-feiras
eu e outros amigos combinávamos na casa de quem nós iríamos nos encontrar para
brincar. A gente fazia várias coisas como jogar bola, matar passarinho,
brincando de esconde-esconde entre outras brincadeiras.
Mas como também não era sempre domingo, nas segundas-feiras
eu e minha família tínhamos que trabalhar na roça, então como eu ainda tinha que
estudar, eu ia meio período à aula e o outro período trabalhava, só à noite
fazia a tarefa com luz de lampião.
E agora em 2014 se alguém me perguntar do que eu sinto
saudades, eu diria que na verdade não sinto saudades do passado, pois hoje em
dia é tudo mais prático, fácil, moderno e simples.
Informações dadas pelo Senhor Romeu Jandre, com 62 anos
meu avô.
Yasmin Jandre Piske, 7°
ano A.
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