Neste ano, acontece a Olimpíada Brasileira de Língua
Portuguesa, cujo tema selecionado novamente foi “O lugar onde vivo”. Cada turma
tem um determinado gênero textual a ser contemplado nessa proposta: 5º. E 6º.
Ano – poesia; 7º. E 8º. Ano Memória literária; 9º. Ano Crônica. Assim, a
proposta foi desenvolvida com as turmas do 7º. Ano, que tinham como objetivo
entrevistar e escrever a memória de qualquer pessoa de mais idade, independente
de ela ser pai, mãe, avô, tio, vizinho. A idéia da Olimpíada não é enaltecer
ninguém, mas fazer os alunos refletirem acerca das mudanças
sócio-histórico-políticas pelas quais todos nós passamos ao longo do tempo no
lugar em que vivemos.
Lugar
onde vivo
“Uma coisa de que sinto muita saudade é da tranquilidade,
de não ter a insegurança. Também sinto saudade de trabalhar na roça, pois era
nossa maior alegria. Agora acho tão interessante, mas em nosso bairro, a
estrada era ruim, de carroça não passávamos, apenas a pé. Quando íamos aos
bailes, tínhamos que tirar os sapatos, daí quando chegávamos lavávamos os pés e
colocávamos os sapatos (risos). Mas não sinto saudade da dificuldade para ir ao
comércio: havia apenas o Haut, e, como morávamos no Wunderwald; tínhamos que ir
a pé.
Mas certamente um episódio marcante de minha vida foi um
baile em que conheci Herbert Hermann Hornburg, meu falecido marido. E,
lembro-me que quando passei na frente dele e de sua turma, ele colocou a mão em
minha frente e dei-lhe uma bofetada. E coincidentemente nos encontramos em
outros bailes, e como naquele, dançamos e conversamos e, me lembro de um baile
em que Herbert me levou para casa e começamos a namorar e depois nos casamos.
Falando em casamentos; adorava ir aos casamentos: os
casamentos naquela época eram muito diferentes. Os convidados levavam os
ingredientes: ovos, manteiga, galinhas...Na sexta-feira, as mulheres se reuniam
para matar as galinhas e marrecos para o sábado. E não tínhamos bolos, apenas
pães e cucas. Havia almoço, café da tarde, janta e café da noite. No almoço, a
primeira coisa a ser servida era uma sopa com rosca. Para beber servia-se para
os homens cachaça doce, e para as mulheres: capilé.
E um casamento que achei marcante foi o de meu irmão
Veriano com sua esposa Renata. Chorei muito, porque eles eram muito novos e ela
não tinha mãe e meu pai já era falecido. Lembro-me de que na maioria dos
casamentos as músicas eram tocadas apenas com um bandoneon, mas no casamento de
meu irmão, como ele era músico, havia bandinha.
Os convidados e os noivos iam de carro de mola, e os
cavalos e os carros eram enfeitados com flores e fitas de seda. Na época não
existia convite no papel; os padrinhos tinham que ir de casa em casa para
convidar e ao convidar declamavam uma poesia. E me lembro que os convidados
tinham que ir de terno e gravata completo, e para as mulheres não havia calças;
apenas vestidos. Todas as noivas tinham coroa de flores. Havia uma hora em que
o noivo tirava a coroa da noiva e tocava uma música em especial que se tocava
em todos os casamentos. O vestido da noiva era obrigatório ser de manga longa e
saia longa. Após as 24 horas a noiva trocava de roupa. Adorava isso.”
Informações dadas pelo
depoimento da Senhora Irma Ema Ana Hornburg, com 89 anos viúva e aposentada.
Minha vizinha.
Nicole Gabriele
Dickmann, 7° ano A
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